quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

A PAZ SE CONSTROI PELA PAZ!


Mais um portal se abre para que a segurança pública no Brasil abandone de vez o lema:
QUERES A PAZ, PREPARA-TE PARA A GUERRA.

A I Conferência Nacional de Segurança Pública deve ser este PORTAL.

Aconteceu em Brasília – DF, nos dias 8 e 9 de dezembro, a segunda reunião do Fórum Nacional de Segurança Pública e a quarta da Comissão Organizadora Nacional da I Conferência.

Durante dois dias, comandantes de Polícias Militares, Civis, Bombeiros, Secretários de Segurança, Representantes de Trabalhadores de Segurança Pública, Ouvidores, Organizações da Sociedade Civil, Representantes de Igreja, Maçonaria, ativistas de movimentos pela Paz e de Direitos Humanos e conselhos de segurança comunitária, etc. participaram da solenidade de assinatura do decreto que convoca oficialmente a I Conferência.

Exercitaram e aprovaram a metodologia que será utilizada nas pré-conferências municipais, estaduais e livres. E debateram os eixos que serão norteadores para os debates, a partir de textos base apresentados pela comissão executiva da I conferência nacional, frutos de colaborações de organizações da sociedade civil e de pessoas dedicadas ao tema, organizações de gestores e trabalhadores em segurança pública.

Conhecemos os mobilizadores do Ministério da Justiça que, com sua paixão e conhecimento, vão viajar por estados e municípios, sensibilizando gestores públicos, trabalhadores de segurança pública e, em especial, a cidadã e o cidadão para assumirem outra forma de compreender e praticar a segurança pública como DIREITO FUNDAMENTAL.

Não será uma missão fácil, porque o tema não é fácil. Desconstruir uma cultura de violência exige muito mais do que sabermos fazer um diagnostico.

É preciso misturar os saberes. Transformar as práticas cotidianas localizadas de fazer o bem em uma cultura de PAZ nacional e planetária.

Horizontalizar as responsabilidades, romper preconceitos, expor as contradições das nossas organizações perdidas no tempo e no espaço e deixar aflorar um novo caminho, sem demagogia, sem a soberba da hierarquia exagerada, sem o romantismo piegas, sem o bacharelismo onipotente. Esses são os pressupostos necessários para a construção desse processo educativo. Como disse, não será uma missão fácil.

O portal é a I Conferência Nacional de Segurança Pública. E os protagonistas, todos que queiram dar um passo nesse histórico momento de percepção da gravidade da crise dos pressupostos que ainda sustentam a segurança pública em nosso país, como foi o caso mais recente em Brasília – DF, onde um policial militar em uma atitude violenta feriu gravemente um cidadão, com um tiro em sua nuca.

A conferência é um portal, para discutirmos vários aspectos da cultura de violência e encontrarmos, juntos, caminhos para a segurança pública. Caminhos capazes de trazer outros resultados para o exercício da atividade policial, que é apenas uma parte dessa cultura de violência.

Todos os envolvidos nessa tragédia são vítimas da cultura de violência. O jovem que recebeu o tiro, sua família, seus amigos, seus vizinhos e o policial que puxou a arma e disparou o tiro que pode ser fatal, essa é apenas a ponta iceberg.

Se punirmos só o policial, estaremos punindo o ato de violência praticado pelo mesmo, se este for punido e o sistema de segurança for analisado de forma sistêmica, aproveitaremos a tragédia para, a partir da DOR, darmos mais um passo para a compreensão da complexidade da cultura de violência que perpassa as instituições policiais de nossa sociedade.

Por isso, o portal da I Conferência de Segurança Pública deve servir não só para tratar das violências, mais também, para abrir nossos horizontes para uma nova relação entre as pessoas, policiais ou não, gestores públicos ou não, pretos ou não, jovens ou não, gays ou não, católicos ou não, mulheres ou não, pobres ou não, índios ou não, etc.


Como disse, não será fácil. Porém, será nobre. Queremos um país desenvolvido e, para tal, precisamos desenvolver os laços de uma cultura que privilegie o diálogo, que sejam sustentados sobre valores éticos de respeito a todas as pessoas e de ações de solidariedade. A essas práticas, chamamos cultura de Paz pela Paz.

6 comentários:

JENAIDE disse...

Acho que a questão da cultura da paz envolve uma mudança sistemática na cultura brasileira. È um primeiro passo. Mas se não tratarmos da questão das diferencias sociais não iremos pra lugar nenhum. Estamos caminhando para um mundo em que teremos duas categorias: os bens sucedidos e o povo. Os bens sucedidos com seus "seguranças particulares" e sem liberdade de circulação, e o povo com toda a restrição imposta pela falta de posses. Por sinal já vimos em filmes de ficção. Acho que está preocupação deveria nortear a sociedade civil organizada

Manoel Euzébio disse...

Amigo da paz,
Durante toda nossa história paradigmas que pareciam ser instransponíveis foram quebrados: A manifestação de Martin Luther king a favor dos direitos humanos, sobretudo dos negros, Mahatma Ghandi lutando em função dos hindus, agindo sempre de forma pacífica para atingir os seus objetivos. A verdade é que temos uma série de exemplos que nos mostram que ao longo da nossa história tabus foram quebrados para que uma nova história fosse escrita.
A proposta de todos esses líderes na época foi vista como utopia, ou como algo pouco provável de acontecer. Entretanto, a persistência e a esperança de cada um deles fez com que uma nova página na vida daquelas pessoas que acreditaram nas suas palavras fosse criada.
Portanto, como você disse, é difícil criar um espaço propício ao diálogo e a paz , porém é necessário que o ponta pé inicial seja dado, e isso vocês já fizeram através de vários eventos e atitudes pacificadoras.
Enfim,sei que muitas dificuldades serão enfrentadas, mas devemos sonhar com um Brasil de Paz,ainda que demore alguns anos. Já está na hora de mudar essa cultura de violência em nosso país.
Muita paz.

Impressões Amazônicas disse...

Querido Everardo,
É bom ter a oportunidade de visitar este site, que tanto nos inspira e informa.
Que vivamos sempre, nós mesmos em PAZ para que sejamos inspiração.
Abraço,
Altamiro

Unknown disse...

caro everardo, amigo da paz, é sempre inspirador te ouvir! tratar dos motivos da paz, é um grande desafio para todos nós... em uma sociedade violenta como a nossa, oportunidades como a conferência têm que ser apoiadas e delas se extrair o extremo em práticas e idéias para a construção de uma sociedade mais justa. parabens pela iniciativa do blog, e conte sempre conosco!
forte abraço,
junior
movimento paz espírito santo

Beto Vale Quantum disse...

Prezado amigo da Paz Everardo e colaboradores deste espaço público
Tenho a satisfação de comentar este tema, Paz, que se fale mais desta sensação, deste momento.
Mais uma vez comento a necessidade de cobrarmos dos legisladores um posicionamento mais claro sobre a linguagem da nossa mídia, estamos falando de cultura de Paz, segurança pública, trata-se de convivência, ambiente, educação e formação cultural. Não podemos nadar contra a maré como estamos a anos, a REDE GLOBO é um portal de desinformação e má-formação cultural que alimenta a cultura da competição desleal e o impressionismo, sensacionalismo...

Unknown disse...

Fico contente por saber que a construção da I Conferência Nacional de Segurança Pública tem mobilizado tanta gente. Acredito que espaços como este, que oportunizam debates e reflexões, podem também oferecer caminhos alternativos ao tema da segurança. A cultura da paz, neste sentido, começa pela mudança de atitude de cada um. Ela não tem lugar, nem hora para começar, mas pode estar presente nas relações que estabelecemos com as pessoas, com os animais e com todos os seres que habitam o planeta. E isso pra mim tem a ver com segurança e valorização da vida.

Um abraço, Daniela