quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

O SILÊNCIO E SUAS CONSEQUENCIAS NA CULTURA DAS VIOLÊNCIAS NO PAÍS!


Estamos ainda meio sem compreender o que deu na cabeça daqueles jovens que, ao concluírem o curso de medicina, em Londrina PR, resolveram festejar tomando umas e outras e depois entraram em um Hospital Público gritando e até soltando um rojão.

Uns, poucos, mas bons para julgar, diriam: isso é coisa de Jovens. Não querem nada. Não têm o que fazer. Faltam com respeito à todo momento, e por aí vai.

Vou entrar nessa polêmica e dizer que isso não é coisa de Jovens, é sim, coisa daqueles Jovens.

E eles têm que ser responsabilizados por suas atitudes. Para que aquela atitude, sem nenhuma preocupação ética, não venha a ser diluída nas generalidades de que a Juventude é violenta, bagunceira e sem responsabilidade com o presente e o futuro do país.

Como a generalização de dizer que todos os parlamentares são corruptos. Não é verdade. Uma parte significativa é sim, corrupta. Não vamos esquecer a última pizza: a salvação do Dep. Federal Paulinho, da Força Sindical.

Aqueles jovens formados em uma profissão nobre, e que agora passam a fazer diagnósticos e prescreverem algumas receitas para as pessoas que dependem do SUS. Sistema esse que é um verdadeiro exemplo de dedicação dos profissionais de saúde, usuários e gestores públicos e que é tão necessário e caro à sociedade brasileira.

E uma parte significativa dos recursos públicos do SUS é para tratar das seqüelas das violências, sejam elas domésticas (daí a importância da lei Maria da Penha), de trânsito ou do crime organizado.

Porque então, muito das violências que nos chocam, como aquela dos Jovens que agrediram uma doméstica no Rio de Janeiro, ou a daqueles Jovens que atearam fogo no índio Galdino, ou a daqueles militares que entregaram os três Jovens para uma facção criminosa no Rio de Janeiro são praticadas por jovens? Será que essas atitudes são isoladas da nossa formação de um caldo de uma cultura das violências no país?

Não. O silêncio dos pais daqueles jovens médicos terá conseqüências nefastas nesse caldo de cultura. Assim como a atitude dos empresários que sonegam impostos, o agronegócio que desmata fazendo queimadas criminosas ou o professor que acha suficiente ir até a escola e passar o seu conteúdo para os alunos, como se isso fosse educar aqueles estudantes para uma vida com dignidade.

Nenhum pai ou mãe daqueles Jovens médicos teve a dignidade de ir até uma emissora de televisão, rádio, um jornal da cidade para pedir desculpas à população brasileira. Pedir para que seu filho ou filha não fosse diplomado(a) antes de prestar um período de trabalho voluntário naquele hospital, cuidando dos pacientes, com carinho e respeito à dor alheia. Não, preferiram a impunidade, o exemplo de que tudo pode, de que esses jovens são assim mesmo, brincalhões. São futuros médicos, de boa família, e que isso, daqui a uns dias, a população esquece e aí quem sabe, um(a) desses jovens não possa ser um deputado, governador ou empresário da saúde?

São esses pais que gritam contra a violência, em especial a violência entre jovens, ou a violência que é cometida por um Jovem que é capturado pelo crime organizado e que, de forma brutal, assalta a mão armada, comente latrocínio, etc. Aí esses pais dizem que o Estado tem que dar segurança à população. E exigem justiça.

Para aqueles jovens criminosos, a barbaridade do cárcere. Ao meu filho médico, o perdão, a compreensão, ou quem sabe, uma viagem, um carro novo ou a chave de um consultório.

Esse SILÊNCIO é a essência do tempero do caldo de cultura das violências que o país vem passando. E a IMPUNIDADE é, sem dúvida, o principal ingrediente.

Cobramos, e devemos cobrar, do Estado, suas responsabilidades com a segurança pública. Mas, não podemos nos esquecer de nossas atitudes individuais, que são a essência para uma cultura de PAZ PELA PAZ ou da VIOLÊNCIA PELO SILÊNCIO.

Everardo de Aguiar Lopes
http://www.movimentoamigosdapaz.blogspot.com/Rede Desarma Brasil – DF,

7 comentários:

Unknown disse...

Apesar de desconhecer o fato relatado - dos jovens paranaenses - fiquei tentada a escrever algumas reflexões. Primeiro, porque essa notícia me fez pensar nos "pequenos deslizes" cotidianos, que tanto jovens quanto adultos, cometem ao desrespeitar o semáforo, jogar lixo na rua, buzinar sem necessidade, falar ao celular no volante, entre outros. Acho que esses comportamentos não são próprios de jovens, mas de PESSOAS que, na melhor das hipóteses, têm dificuldade para respeitar limites. Entendo que educação não seja apenas aquela oferecida na escola, mas também a aprendida no convívio social. Talvez a estes formandos em medicina tenham faltado aulas práticas de civilidade e, principalmente, de respeito aos enfermos e debilitados. A vibração pela conquista do diploma (nada mais justo!) ficou, no entanto, descabida e sem propósito para a turma do jaleco. E para nós, expectadores, resta uma pontinha de desconfiança nos recém-doutores.
Abraços
Daniela

Anônimo disse...

Amigo,

Que nosso grito pela paz quebre o silencio dos indiferentes, e que possamos fazer um mundo de paz para todos.
Abraços,
Altamiro

JENAIDE disse...

Acho que a proposta de fazer com que esses insanos “etílicos” pagassem exercendo gratuitamente no natal, ano novo e carnaval plantões em pronto de socorro de hospitais públicos. Faria com que se comportassem melhor.

Sobre a Risos disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Sobre a Risos disse...

Deturpações de valores, dificuldade de reconhecer os proprios erros e aplicar justiça em nossa proprias condutas erroneas, são necessidades individuais que quando não refletidas e praticadas dentro da moralidade e espiritualidade geram frutos perversos a sociedade num todo!

Manoel Euzébio disse...

Ao se calarem , os pais daqueles jovens irresponsáveis se tornaram cúmplices de um ato de derrespeito àqueles pacientes. E como se não bastasse, os jovens que outrora eram universitários já receberam seus diplomas sem se quer terem a pena que mereciam, e agora já são "médicos".
Agora pensemos:Será que um indivíduo que tem uma atitude tão grotesca como a do referido episódio está apto a receber um diploma de médico?
Essa atitude não deve mesmo ser generalizada a todos os jovens, pois esses filhos de papai acham que podem tudo,e vão continuar achando, já que saem todos ilesos dos crimes que cometem.
E infelizmente, esse vai ser apenas mais um ato criminoso de jovens rebeldes que vai ficar arquivado na gaveta da IMPUNIDADE.
Amigo da paz. Um grande abraço.

Além do nome sobrenome. disse...

Ola Everardo, muito boa sua reflexão sobre como a violencia é tratada na nossa sociedade e como os tratamentos são diferentes a cada grupo social. Que pena, reclamar educação, saude e segurança está em todos os discursos, desde os mais pobres até os mais ricos, quando se trata de contribuir para que algo efetivamente mude ai os interesses pessoais ganham prioridade. Nos, sobretudo os mais estudados, precisamos aprender a admitir um erro, pedir perdão, e agir de maneira transformadora. Bjus.

Simone