quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

O QUE SEDUZ É A MOBILIZAÇÃO.


Às vezes, nos perguntamos por que determinadas frases mobilizam sobremaneira nossos corações? Porque algumas pequenas e simples atitudes ficam gravadas para sempre em nossas mentes? Porque ‘o simples’ encanta? Porque não sei fazer ‘o simples’?

Mobilizar as pessoas para participar de um determinado evento é uma arte. Vivemos uma era na qual existem milhões de oportunidades para as pessoas escolherem o que mais toca seu coração.

Por incrível que pareça, o que mobiliza é justamente o OUVIR.

Como uma mãe quando ouve uma criança em seu útero. E depois que a criança nasce, a mãe faz o natural, ‘o simples’, coloca-a no colo. Mas o que fica gravado para sempre em sua mente é aquele chute. O que encanta os adultos são os movimentos descoordenados, que, para aquela criança, são precisos e aconchegantes.

Acreditemos, pois, que a mobilização para a primeira a I Conferência de Segurança Pública é a arte que seduz os desafios de transformar ‘essa criança’ em um adulto forte e sedutor. Confiamos que esse é um movimento acolhedor, que envolve um debate apaixonante, porque ainda está cristalizado na histórica certeza de que a segurança pública é uma questão para as polícias.

A mobilização assume, então, o papel EDUCATIVO. Transcende o mero papel de juntar as partes, para desenvolver um processo de confiança mútua entre as PESSOAS.

Toda pessoa, ao tomar consciência de que suas atitudes positivas irão se refletir em todas as dimensões da vida, passa a compreender e a exercitar a cooperação. A cooperação, por sua vez, mobiliza sentimentos menos egoístas, superando a fragmentação.

Essa relação sistêmica causada pela mobilização, é construída através dos exemplos do mobilizador. Como educador e mediador de conflitos, ele é capaz de equilibrar interesses, sem negar os conflitos existentes na base da sociedade.

Como mobilizadores, devemos fazer, como foco central de nossa responsabilidade, com que o processo de construção da I Conferência desague nas conferências Livres, Municipais, Estaduais e Nacional. Devemos, igualmente, privilegiar o rompimento do ciclo vicioso de que temos que combater a violência em detrimento da construção de um caminho de paz pela paz.

O ouvir com o coração, do mobilizador para a I Conferência de Segurança Pública de uma determinada região do país é fundamental para que o longo caminho da diminuição da criminalidade, a ser construído neste processo, seja essencial no pós conferência.

O que ficará gravado nas mentes e nos corações de todas as pessoas que estão participando deste processo de MOBILIZAÇÃO EDUCATIVA será o que a experiência Pacificadora da Sociedade Civil, do Estado, e das organizações dos trabalhadores forem capazes de exercitar. Deste modo, estaremos dando um exemplo de que é possível construirmos um outro caminho para a segurança pública no Brasil. Mudando nossa cultura de violência e de competição entre as representações, estimulando as pessoas, em suas casas e em suas comunidades, à prática de fazer O SIMPLES, O NATURAL, O DAR O COLO à cidadania ativa.

O mobilizador para a I Conferência de Segurança Pública pode e deve cumprir esse papel fundamental, exercitando o caminho pacificador da retidão, da missão honrosa de poder sentir e ser tocado pelo desejo de paz que cada um de nós acredita ser possível alcançar.


Brasília, 21 de janeiro de 2009

Everardo de Aguiar Lopes
Movimento Amigos da PazRede Desarma Brasil

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

OUVIR PARA COMPREENDER


Não precisa eu lembrar a nenhuma liderança política partidária, militar, religiosa, sindical ou todos aqueles (as) que fazem opinião na sociedade que o lema OUVIR PARA COMPREEDER é um dos cinco objetivos definidos pela UNESCO para desenvolvermos na conhecida década da cultura da paz.

Peço um pouco de atenção de vocês para falar o que nós, do grêmio, queremos dizer com “EDUCAR, AMAR E TRANSFORMAR. ISSO É POSSÍVEL!” Vamos compartilhar nossos propósitos e enfrentar, juntos, os desafios que nos forem impostos, o que acenderá uma chama em nossos corações jovens e fortes o suficientes para amar a todos. Nesses quatro meses aprendemos muita coisa. Criamos um elo de confiança muito forte entre nós. Aprendemos que é melhor respeitar as opiniões dos outros do que derrotá-las. Aprendemos que, sem cada um de nós essa escola não é nada... É apenas mais um prédio para ser pichado, um muro a ser pulado para roubarem nossas alegrias e esperanças, e por alguns, até odiado. Aprendemos que tudo passa: professores, funcionários, autoridades, representantes da sociedade civil, estudantes; todos passamos...O que fica são nossos exemplos, nossas atitudes. Principalmente, as que transformam coisas ruins em coisas boas.

Aprendemos que tudo o que está além desse muro é o que mais interessa. A escola seria bem melhor se fosse um ponto de encontro para as pessoas trocarem, lançarem e conhecerem idéias, experiências, e, acima de tudo atitudes. Aprendemos que, aqui dentro, aprendemos muito pouco, mas que, se esse pouco for AMAR, ele será o suficiente para transformar essa escola no jardim da nossa casa, na oportunidade conquistada. Se não, corremos o risco de nadar, nadar e morrer na beira.

Aprendemos que tudo isso é possível se os projetos “ Jardim de Alah” Ler Para Quê” Comissão de Frente” Comissão dos aniversariantes” e Carona Amiga” saltarem os muros que oprimem os sonhos e se misturarem efetivamente com cada morador, tornando-se capazes de fortalecer o sentimento de PERTENCIMENTO a esta cidade, a este país e a este planeta. Aprendemos que a juventude vive o caos de seu íntimo, que oscila da alegria a dor. Uma parte sofre e pratica o dissabor do caos. Outra continua perplexa, assim como uma parte dos adultos. Mas, há os que acreditam que o rio não separa; une as margens, os desejos os prazeres e os sonhos. Esta é a nossa parte, a maioria.

Se ouvirmos para compreendemos a juventude, vamos prevenir e muito os altos índices de violência em volta das escolas no Distrito Federal.

Parte do discurso de posse de uma jovem a coordenação de um grêmio. Retirado do livro Saber Mexer e Acreditar em Gente.Um diretor de escola pública do século XX.

Everardo de Aguiar Lopes

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

CIDADANIA LOCAL, UMA SEMENTE PARA OS TERRITÓRIOS DE PAZ!

A primeira década do século XXI vem nos confirmando que quem muda efetivamente são as pessoas!

É com esta experiência que, silenciosamente, o exercício da cidadania proporciona, na ação individual, uma dimensão capaz de TRANSFORMAR BOAS IDÉIAS, EM SEMENTES PARA A SUSTENTABILIDADE DAS LOCALIDADES DENOMINADAS DE TERRITÓRIOS DE PAZ.

A violência priva a cidadania e, conseqüentemente, a liberdade coletiva, mas estimula a liberdade interior e assim, as pessoas, nas comunidades, vão descobrindo formas alternativas para atarem ou reatarem seus laços de amizades, sociais, culturais, profissionais e etc.

Em Brasília – DF, assisti dois eventos e, como disse B. Russell, os eventos não se repetem. Um, em uma localidade onde os índices de violência são muito mais expostos aos olhos das autoridades, das mídias e, claro, da população em geral. Outro, em local onde os índices de violência não são tão visíveis para as autoridades, a mídia e para a maioria da população.

Porque então as pessoas dessas duas localidades se esforçam para atarem ou reatarem aqueles laços?

Na primeira localidade, vi uma forte mão do Estado e pouco ouvi da cidadania local. Na segunda, onde os índices estão menos expostos, vi uma presença tímida do Estado e ouvi muito da cidadania local.

Naquela, onde os índices de violência estão mais expostos, eu ouvi aplausos, perguntas tais como: quando vai começar o projeto? Como eu posso participar? Quem vai fazer isso? É o governo?

Na segunda localidade, eu ouvi: qual é o seu bloco? É o K, um senhor responde e a senhora que estava ao lado, entrou na conversa e disse: eu moro J. Agora já eram três conversando. Moravam tão perto um do outro, mas não sabiam o bloco, um do outro.

Na primeira localidade, percebi que todos, ou quase todos, conversavam uns com os outros, brincavam e riam como quem diz: ganhamos alguma coisa de alguém!

Na segunda, percebi que as pessoas foram chegando aos poucos, conversando devagar, trocando impressões, se apresentando uns aos outros, abraçando quem não viam há tempos e perguntando quem é João Paulo? Quem é Ricardo? Como eu posso colaborar? Quero saber o que vai acontecer aqui, disse uma jovem.

Duas sementes, uma plantada fundamentalmente pelo Estado, outra, por pessoas da própria comunidade.

Mesmo em espaços territoriais diferentes nos aspectos sociais, culturais, profissionais e econômicos, em sua essência, ambos os territórios precisam expor seus sentimentos de PERTENCIMENTO. Neste sentido, os dois territórios têm os mesmos obstáculos, gerando efeitos diferentes.

Sendo que, onde os índices de violência estão mais expostos, o efeito é o de não permitir que o Estado sufoque a cidadania local, partidarizando ações como a das Mulheres da Paz, dentre tantas outras.

Onde os índices de violência estão menos expostos é o de não permitir que o Estado omita-se de suas responsabilidades e manter o exercício saudável da cidadania local.

As duas sementes estão plantadas, agora é CUIDAR.

Ali, onde os índices estão mais expostos, as organizações da sociedade civil que desenvolverão junto com a população local o Projeto Territórios de Paz, em parceria com o Estado, terão uma missão honrosa: transformar uma idéia e um conjunto de ações EM UM DIREITO.

Ali onde os índices estão menos expostos, as pessoas que exercitaram sua cidadania como LIBERDADE, têm a honrosa missão de transformar o seu direito em sentimentos de PAZ.

Everardo de Aguiar Lopes